terça-feira, 19 de agosto de 2014

Entrevista - André Pomba


Este mês nós do Coredump realizamos um entrevista com André Pomba, ex-baixista da banda de Heavy Metal Vodu, produtor de shows, membro da imprensa e um dos principais colaboradores da cena metal nacional. Além de ser membro ativista em várias causas populares, este ano Pomba está se candidatando ao cargo de Deputado Federal pelo Partido Verde.

Confira abaixo nossa entervista exclusiva com Pomba:

Coredump: Fale um pouco da trajetória do Pomba no Rock
Pomba: Bom, resumidamente posso citar:
- Recebi prêmio como principal contribuição ao rock no ano de 2005 na premiação do Dia Municipal do Rock da Prefeitura de São Paulo.
- Editor e principal mentor da revista de rock independente Dynamite, desde 92 até 2008
- Publisher do site Dynamite Online (www.dynamite.com.br) desde 2002
- Publisher e editor entre os anos de 92 e 97 de um dos principais e pioneiros veículos voltado para músicos, a revista On&Off.
- Atua como produtor cultural em dezenas de projetos, como por exemplo Dia Mundial do Rock (Galeria do Rock 2009/10/11)
- Promovi o Prêmio Dynamite de Música Independente, desde 2002.
- Criador e organizador do projeto Arquivo do Rock Brasileiro que circulou por várias capitais brasileiras entre 2007 e 2010.
- Criador e organizados do projeto para novas bandas Demofest.
- Produtor do Grind - projeto de rock GLS, na casa noturna A Lôca
- Produtor de eventos e rock e heavy metal em locais como Teatro Mambembe, Dama Xoc, Aeroanta, Projeto SP, Rainbow Bar, Centro Cultural Sãoo Paulo, SESC Pompéia, Centro Cultural da  Juventude e outras desde 1985.
- Redator chefe da revista de heavy metal Rock Brigade e produtor musical do selo Rock Brigade Records de 86 a 91.
- Baixista e compositor do grupo de heavy Metal Vodu, com 4 álbuns lançados e turnês por todo o Brasil e América do Sul de 85 a 91.
- Fui sócio da produtora holandesa Dynamo no Brasil, responsável por várias turnês de artistas internacionais ao país de 90 a 94.
- Já fiz mais de 200 entrevistas, com destaque para as internacionais Ozzy Osbourne, Boy George, Offspring, Duran Duran, Iron Maiden.

Coredump: Qual maior lembrança da época da Rock Brigade?
Pomba: Estive na Rock Brigade de 1986 a 1991. Foi uma ótima época da minha vida em que eu vivi heavy metal 24 horas, 7 dias da semana, me desdobrando como músico, professor de baixo, produtor, redator e contato comercial. Cresci muito profissionalmente e foi lá que entendi que o movimento metal que ajudei a criar podia virar uma cena auto-sustentável. E lá que decidi que nunca mais teria um emprego "normal".

Coredump: Como era o Pomba baixista do Vodu?
Pomba: Era super dedicado à banda e ao instrumento. Estudava baixo 3 horas por dia, assim como música em geral e outros instrumentos para desenvolver meu lado produtor. Na banda eu assumi um lado empres?rio e como principal compositor. Buscava muito livrar a banda dos clichês do gênero e aprimorar o instrumental ao limite. Talvez por esse centralização que eu tinha e meu lado anti-comercial radical que a banda não teve a repercussão que poderia ter dito.

Coredump: Fale da sua aventura de ter assistido todos os dias do Rock in Rio I, II e III?
Pomba: Nos três primeiros Rock In Rio eu fui em todos os dias e vi todos os shows. Mas marcante mesmo foi o primeiro que fui como público. A lembrança da lama, do show do Iron Maiden, Ozzy, AC/DC... Nossa... Nos demais eu já fui como jornalista e de certa forma o envolvimento é diferente. Depois de 2001, acho que o festival perdeu a essência e virou um balaio de gatos, com uma curadoria confusa.

Coredump: O que acha que precisa ser feito para o Rock no Brasil?
Pomba: Temos que admitir que o rock no mundo todo passar por uma fase de entressafra criativa e conceitual. Não tem surgido novos grupos que possam ultrapassar a barreira de um sucesso mais popular. Precisamos nos unir novamente para propor um circuito nacional que as bandas possam circular por todo o Brasil. Que tenham mais espaço para tocar, principalmente nos centros culturais públicos. Que possam ter incentivo para ter melhores estúdios e instrumentos pagando menos, para criar um fomento que possibilite uma economia rock'n'roll vigorosa como era antes. Que tenham mais espaço para mostrar seu trabalho, TVs, rádios, sites etc.

Coredump: O que falta para a Galeria do Rock ser mais chamativa?
Pomba: Por alguns anos eu assessorei o Toninho, conseguindo verba para realizar eventos e até patrocínio para a utilização do quinto andar como centro cultural. Porém, o Instituto da Galeria precisa se adequar à legislação atual de ONGs para voltar a conseguir recursos e quem sabe ser ainda mais atrativa do que é hoje.

Coredump: Os ingressos de shows internacionais, deviam ser mais baratos?
Pomba: Sinceramente não sei o que torna os ingressos aqui tão caros, além da ganância. Normalmente um grupo vem ao Brasil e faz outros países sulamericanos, e ás vezes sai mais barato ir até a Argentina assistir a um show, mesmo com o preço da passagem incluso! Você pode até justificar os impostos como ECAD (10%), ISS (5%) e taxas diversas (como visto de trabalho), mas mesmo assim creio que as produtoras abusam demais. Como vivemos num mundo capitalista, a única alternativa que vejo é investigar melhor o que é feito com essa dinheirama toda e buscar contrapartidas públicas e privadas para redução do preço dos ingressos.

Coredump: Qual grande problema do Brasil hoje?
Pomba: Sem dúvida o grande problema do Brasil hoje em dia é a classe política e um governo incompetente que só se preocupa com o seu partido e sua sede de poder eterno. As reformas política, tributária, previdenciária e do judiciário que já poderiam ter sido feitas há 20 anos ainda não saíram do papel, justamente porque não é do interesse dos políticos.

Coredump: A cidade de São Paulo precisa melhorar em quê ?
Pomba: Precisamos de investimentos pesados em mobilidade urbana e no transporte público sobre trilhos. Mais áreas verdes e menos especulação imobiliária. Mais cultura, o que significa menos violência.

Coredump: Como surgiu a ideia de se candidatar?
Pomba: Sempre fui uma pessoa ligada á política. Em 1979, com 15 anos eu já ia em reuniões ilegais nos sindicatos, ainda sob a ditadura, para reconsrução da UNE. Sempre fiz campanhas por quem acreditava e em 1992 cheguei a sair candidato a vereador do metal e tive 1.500 votos só no boca a boca. O que me fez voltar a ser candidato este ano, foi justamente entender que temos que ter mudanças radicais para fazer o Brasil sair desse marasmo e corrupção endêmica. Passei uma semana em Brasília, falei com mais de 50 deputados em busca de apoios para vários projetos e todos se dispuseram a ajudar. Uma semana depois, busquei retorno e ninguém me atendeu ou retornou emails. Daí decidi que eu mesmo iria sair candidato e que nunca trataria um eleitor com o desprezo que eles tratam.

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