"Não
tenho problemas com a Igreja, minha música apenas fala sobre humanos"
Poloneses
do Decapitated desembarcam no Brasil para dois shows no Estado de São
Paulo
A enxurrada de atrações
internacionais tem proporcionado aos fãs brasileiros a verdadeira oportunidade
de conferir muitas bandas que estavam faz tempo naquela listinha de shows
imperdíveis. Agora chegou a vez dos poloneses do Decapitated. Mestres do
technical death metal, o grupo tem apresentações agendadas em Hortolândia (25/05
- Barka MadaRock) e São Paulo (26/05 - Blackmore Rock Bar).
Waclaw "Vogg" Kieltyka
(guitarra), Kerim "Krimh" Lechner (Thorns of Ivy, Tone Intimacy - bateria),
Rafal Piotrowski (Ketha, Forgotten Souls - vocal), and Filip "Heinrich" Halucha
(Venesia, Rootwater, Unsun, Masachist - baixo) desembarcam por nossas terras
para promover o álbum "Carnival is Forever".
Na entrevista abaixo, Waclaw
"Vogg" Kieltyka fala sobre a expectativa da banda em tocar pela primeira vez no
país, comenta o trágico acidente de 2007, a repercussão do novo disco, o novo
lineup e frisa que estão longe de ser polêmica.
por Juliana
Lorencini - especial para The Ultimate Music - Press
edição
Costábile Salzano Jr.
Essa é a
primeira vez que a banda vem ao Brasil. Qual a expectativa de vocês para os
shows por aqui?
Vogg: Hey, essa será a
primeira turnê mesmo na América do Sul. Estamos muito felizes e animados com
essa viagem. O que posso dizer, depois de muitos anos finalmente estamos indo
tocar no seu país. Tenho muitos amigos aí e espero encontrar com todos eles e
também estou certo de que os shows serão incríveis. Espero por muita gente,
ótimos shows e claro, voltar com grandes lembranças do Brasil.
"Carnival Is
Forever" foi o primeiro álbum do Decapited com a nova formação. Como foi o
processo de gravação e composição de um novo álbum após o período conturbado que
a banda viveu?
Vogg: Isso foi
diferente, totalmente diferente. Sou o único membro original da banda
atualmente, então com os novos músicos eu tive que aprender a fazer músicas de
um novo jeito. Eu tinha muito material feito com Witek, então eu terminei isso
com Krimh e descobri que Kerim é muito rápido com arranjos. Portanto, mesmo se
eu trabalhei com um baterista diferente isso foi legal, eu não esperava que o
processo de composição fosse ser tão fácil.
Qual foi a
principal inspiração para a composição de "Carnival Is Forever"?
Vogg: Difícil dizer.
Muitas coisas me inspiram para fazer riffs. A música que eu escuto, meu
ambiente, minhas experiências, etc. Eu estava em depressão, porque perdi meu
irmão e acredito que a atmosfera desse álbum está conectada com meus
sentimentos.
Como vocês
sentiram as críticas vindas dos fãs e da mídia em relação à "Carnival Is
Forever"?
Vogg: Foi com certeza
interessante ler as opiniões sobre esse álbum, porque ele é diferente de
qualquer outro que lançamos no passado. Então as pessoas não podiam adIvinhar o
que seria esse álbum. Algumas pessoas gostaram, outras não, mas isso é sempre
assim, de qualquer forma eu li muitas resenhas favoráveis e muitos bons músicos
me disseram que gostaram, então estou feliz. E, pessoalmente, eu amo esse
álbum.
O Decapitated
a cada álbum se tornava mais técnico e mais complexo em suas composições. Porém
em “Carnival is Foverer” o que se vê é uma volta aos primeiros trabalhos da
banda, com músicas mais diretas e não tão complexas, mas ainda mantendo a
técnica. Vocês concordam como essa visão? Como vocês descreveriam o
álbum?
Vogg: Sim, eu concordo.
De fato, "Carnival" é um pouco mais fácil, comparado, por exemplo, com "Organic"
que é mais direto, mas é por isso que soa grande quando o tocamos ao vivo. Quero
fazer esse álbum ser calmo, fácil e energético. Ele é como algo que eu não
estava apreensivo para tocar, o que eu sinto é que você pode ouvi-lo pela
primeira vez com a mente aberta, canções longas, como a faixa-título, mas ainda
esse álbum é bem rápido e agressivo. Eu o acho interessante, porque cada música
é diferente, e você pode achar nele muitas formas diferentes de não tocar sempre
a mesma merda!
Este ano
vocês lançaram o videoclipe da música “Pest”, produzido por Grupa 13 e dirigido
por Dariusz Szermanowicz. Por que essa foi escolhida a primeira faixa a ser
single? E como foram as gravações do vídeo?
Vogg: Apenas decidimos
que "Pest" seria a melhor música para o primeiro videoclipe, essa é uma música
do caralho, espontânea, energética e atmosférica. Essa música descreve um pouco
do que você pode achar no álbum todo. Gravamos o vídeo em um dia, em Wroclaw,
nós todos estávamos de ressaca, porque um dia antes bebemos e provamos algumas
cervejas locais... Então isso foi bem difícil de se fazer desta vez. Mas agora
temos um novo vídeo para acrescentar, com a música "Homo Sum" que é totalmente
diferente, é em preto e branco, e é incrível!
Após o
acidente que ocorreu em 2007, muitos e até mesmo a banda tinha incertezas sobre
seu futuro. Como é para vocês lançar um novo álbum e em estar em turnê novamente
após tantos anos sem tocar?
Vogg: Isso foi há muitos
anos. Antes de eu voltar com o Decapitated, eu participei do Vader, fiz 150
shows com eles. Então não estava nos palcos por dois anos após o acidente, foi
bom estar em turnê de novo, eu amo isso. As vezes, me sinto um pouco estranho
porque tenho novas pessoas a bordo, mas sei que não posso fazer nada sobre isso.
Não posso voltar atrás no tempo, então... Estou feliz pelo que tenho e festejo
cada minuto no palco, no ônibus de viagem, etc.
Como se deu a
escolha dos novos membros? Vocês acreditam que eles sofram uma pressão ainda
maior em substituir Vitek e Covan após sua trágica saída da banda?
Vogg: Apenas escolhi
esses caras porque eles são bons músicos e podem tocar de uma maneira diferente
do que Witek e Covan, mas ainda com qualidade. Nos sentimos bem no palco,
especialmente depois de dois anos tocando juntos, e está ficando melhor e melhor
a cada show que fazemos.
O que você
fez nesse período em que esteve afastado da música?
Vogg: Estava trabalhando
numa loja de instrumentos musicais em Cracóvia. Vendendo equipamentos de
guitarra, etc. Foi um bom tempo, fiz novos amigos lá, e me ajudou muito depois
da tragédia. Então eu entrei para o Vader e gastei algum tempo com eles, o que
também foi uma experiência muito legal. Foi então que comecei a procurar por
novos membros e decidi continuar com o Decapitated.
Em janeiro
deste ano, os pais do ex-vocalista Covan foram a TV polonesa pedir ajuda para
manter um tratamento, que tem tido efeito em seu filho. Vocês ainda mantém
contato com Covan ou sua família? Têm acompanhado seu estado de saúde após o
acidente?
Vogg: Claro que tenho
contato com ele e sua família. O vejo todo mês, às vezes, toda semana. Nós
moramos na mesma cidade. Ele precisa de ajuda, porque ainda está numa má
condição, você pode ir em www.wakeupcovan.com e lhe enviar algum dinheiro via paypal se
quiser ajudá-lo. Desde já agradeço a todos que puderem ajudar.
A Polônia tem
sido vista como um dos países com leis e censura mais severas em relação a
certos estilos musicais. O Black Metal, por exemplo, tem sofrido muito com esse
preconceito instaurado na sociedade polonesa, mas ao mesmo tempo a impressão que
tenho é de que Nergal se tornou muito popular por lá ao longo dos anos. Como
vocês vêem essa situação e a que acham que ela se deve?
Vogg: Não tive nenhuma
situação assim durante minha carreira, não somos uma banda satânica e não
tocamos qualquer situação religiosa, então ninguém teve problemas com isso.
Falamos sobre humanos em nossas letras. Sei que isso é um saco para Behemoth e
Vader, por exemplo, mas por um outro lado isso é bom para promover, políticos e
religiosos falando sobre você em todos os jornais, essa é a razão pela qual
Nergal é tão popular na Polônia, todo mundo o conhece.
As bandas de
Death Metal acabam passando pelo mesmo de situação?
Vogg: Como disse, na
verdade não. Não tenho problemas com ninguém. Toco minha música e não dou a
mínima para mais nada.
Muito
obrigada pela entrevista, e eu gostaria que vocês deixassem um recado aos fãs
brasileiros.
Vogg: Brasil, nós
estamos chegando! O Decapitated vai chutar a sua bunda e teremos bons momentos!
Vejo vocês em breve!
Serviço
SP
Dark
Dimensions apresenta Decapitated pela primeira vez no Brasil
Data: 26 de Maio
Local: Blackmore Rock
Bar
Endereço: Alameda dos
Maracatins, 1317 - Moema
Abertura da casa:
18h30
Show pontualmente:
20h
Ingressos:
Pista: R$ 40,00 (estudante) - R$
80,00 (inteira)
Camarote: R$ 50,00 (estudante) -
100,00 (inteira)
Ponto de venda: Hellion -
Galeria do Rock
Ingressos online: http://darkdimensions. webstorelw.com.br
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